in diario de Leiria, 18 de Julho de 2012
As 7 e mais 7 que com mais 7 são 21 maravilhas...
Foi com especial atenção que Portugal e arrisco-me a dizer grande parte do mundo, seguiu aquela que foi a eleição das 7 maravilhas do mundo. Um trabalho que certamente envolveu muita gente e meios, participaram muitos milhões de pessoas através do seu voto e que culminou com um grandioso espectáculo.
Em minha opinião procurou-se essencialmente a divulgação dos Países, do seu património, na busca da sua promoção como destino turístico. Até aqui não estranho e congratulo a aposta. Temos que apontar a força e importância da economia de um País e não ficarmos embevecidos com conceitos de património da Humanidade, do Mundo, da Nação.
Sou atento ao sector do turismo quer por exigência profissional, quer por ter um especial gosto por viajar e sempre que ultrapasso as nossas fronteiras procuro absorver o que de melhor se faz lá fora e adaptar na medida do possível à nossa realidade, preservando a diferença.
Na eleição das 7 maravilhas do mundo, toda uma nação trabalhou para ver reconhecida a maravilha que se encontrava nos seu País, e consequentemente, várias regiões do território sentiram o impacto desta promoção, por exemplo, quem viaja até à India levado pela curiosidade de ver e sentir a impetuosidade do Taj Mahal em Agra, por certo que não deixa de ir a Delhi ou Jaipur. Ora é este o efeito pretendido quando um País tem politicas de turismo e faz uma aposta séria na divulgação do seu País através de concursos deste tipo.
Mas sejamos pragmáticos. Em Portugal uma empresa de Oeiras apostou em adaptar este fenómeno de tudo querer ser uma maravilha, e lançar as 7 maravilhas- praias de Portugal; as 7 maravilhas naturais de Portugal; as 7 maravilhas da gastronomia portuguesa. Enfim... estou certo que a oferta é diversa e escolha muito difícil dada a riqueza do nosso património. Mas vejamos, todas estas iniciativas têm o apoio da Presidência da Republica e do Governo de Portugal. Ao contrário do que defendi acontecer com as 7 maravilhas do mundo, não creio que aconteça com esta realidade. Nestes últimos casos, são as Autarquias que numa tentativa de impulsionar o turismo no seu Concelho, não olham a custos e concorrem, e querem ser e aparecer. Acontece que os tempos não estão fáceis... parece-me que há formas mais económicas e de impacto positivo, para se promover uma região. Será que algum apreciador de gastronomia, por mais fanático que seja, desloca-se algumas milhas para saborear uma patanisca, de qualidade irrepreensível que seja? E quanto já foi gasto por isso?
Hugo Oliveira
Vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha,
Director do Gabinete de Estudos e Edições do Instituto Fontes Pereira de Melo
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