A Primavera...
Há alguns anos para cá que sinto que as estações do ano tendem a deixar de ser quatro e passar essencialmente a duas o Inverno e o Verão, esta é apenas uma perceção minha, sem base científica.
Ouso hoje refletir sobre esta matéria até porque neste
momento tão diferente tenho a sensação que muitos de nós nem nos apercebemos
que a primavera chegou e está quase a acabar, quer pela dificuldade de desfrutar
dos espaços verdes, quer de sentir o cheiro das flores.
Por certo uma primavera bem diferente e confinada às regras
de distanciamento social. De facto, esta estação é geralmente um momento de
alegria e de cor que encerra um período mais “cinzento” de um inverno
característico. Assim, habitualmente nesta, altura as pessoas saem para a rua
com alegria e vontade de usufruir do espaço público e da natureza ( note-se que por exemplo nos
países do norte da europa ainda é muito mais intenso este sentimento) e vêm-se
nas ruas as pessoas a conviver e a interagir.
Ora, este é um ano totalmente diferente e a medo começámos a
“desconfinar” num instinto de sobrevivência e de equilíbrio mental. Enquanto
vamos tentando perceber como podemos adaptar os tradicionais modelos de
trabalho, como vamos á praia no Verão ou como vamos voltar a ter uma refeição
com os nossos familiares e amigos, entre uma panóplia de “vontades” criadas por
este período de retiro. A Primavera está a acabar e vamos entrar no Verão com
um sentimento estranho de que nem sequer tivemos a oportunidade de “respirar” o
ar puro que esta época sempre nos traz.
Aliás acredito que muitos andem à “luta” com as suas roupas
de meia estação sem saber se as guardam para o próximo ano já que as do verão
começam a ganhar primazia, provavelmente outro sinal que a Primavera passou sem
deixar rasto.
Resta-nos não perder o sorriso que a Primavera geralmente nos
trás e garantir que se mantém num Verão diferente mas, que se quer intenso e vivido com o cuidado necessário. Também nos
resta a esperança de que o Outono não nos traga uma segunda vaga que nos
“abata”, a nós e à economia e, que não nos retire a magia do natal em família.
Por último,
arrisco dizer que agora vamos ter de
facto duas “estações”: o confinamento e o desconfinamento.
Hugo
Oliveira
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