Cidades Médias - Educação Versus Desenvolvimento de um Concelho

Proponho me hoje a uma reflexão sobre a eventual ligação entre as temáticas de estudo e as infra-estruturas de um concelho. Quando nos debruçamos sobre as apostas estratégicas das cidades médias do nosso País, nomeadamente no que diz respeito à garantia de emprego qualificado para os jovens naturais desses concelhos deparamo-nos com uma grande dificuldade de absorção por parte do mercado desses mesmos jovens. Vejamos então a possibilidade de aumentar, melhorar ou antes adequar os conteúdos pedagógicos de um determinado grau de ensino das escolas de um concelho a uma área especifica, por forma a potenciar a apetência por essa área. E se ao mesmo tempo a aposta estratégica desse concelho for nessa mesma área, criando infra-estruturas, definindo políticas de incentivo e de captação de investimento, entre outras medidas. Quero com isto dizer que num exercício meramente académico, para já, poderíamos conciliar o ensino com o desenvolvimento estratégico de um concelho. Claro que esta reflexão pode esbarrar na teoria do condicionamento do desenvolvimento intelectual dos jovens, mas no entanto, tem a virtude de poder vir a garantir algo que nos dias de hoje é cada vez mais difícil, o Emprego. Por outro lado a metodologia podia passar pela existência de uma disciplina facultativa, ou eventualmente a criação de um sistema de aulas suplementares com um objectivo bem definido. Claro que a existência de uma instituição de ensino superior com essa área de estudo auxilia a implementação desta teoria, no entanto, como não é possível instalar instituições de ensino em todas as cidades médias a opção terá que passar pela aposta no acompanhamento nos outros graus de ensino. O desenho que aqui proponho é um exercício de planeamento com consequências visíveis de melhoria de condições de vida num concelho garantindo mercado de trabalho às gerações vindouras. Termino com uma simples provocação, imaginem os leitores que quando estavam a estudar tinham tido a oportunidade de ser parte integrante deste sistema já a funcionar, como seriam as vossas vidas hoje? Hugo Oliveira Vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Director do Gabinete de Estudos e Edições do Instituto Fontes Pereira de Melo

Comentários

  1. Boa tarde Dr. Hugo Oliveira
    Estou em total acordo com o que preconiza relativamente ao ensino consonante com áreas específicas de interesse para um determinado território. Acrescentaria, em estreita ligação com aqueles que devem constituir a base do desenvolvimento desse território, ou seja, os seus recursos endógenos. No entanto, convém recordar que esse modelo de ensino já existiu e com resultados muito positivos para a economia propriamente dita e para as pessoas que tiveram acesso a esse modelo. Não serão do seu tempo as escolas Industriais e Comerciais, uma vez que são anteriores ao 25 de Abril, mas certamente já ouviu falar nelas. Eu próprio frequentei a Escola Industrial aqui mesmo em Caldas, onde existiam os cursos de eletricidade, serrelharia, carpintaria, etc... que eram comuns ás várias escolas industriais e no caso de Caldas da Rainha, existia o curso específico de ... cerâmica, a indústria que durante décadas foi a principal empregadora não só do cancelho, mas da região. Com isso ganharam as empresas, os estudantes e a economia. Em suma, quer isto dizer que a formação era adequada ás áreas mais indicadas do território onde o cidadão estava inserido, para além das especialidades comuns, tidas como profissões menores e que atualmente dificilmente se encontra quem as exerça e que podiam ser modo de vida de muitos cidadãos, como os eletricistas, mecânicos, serralheiros, carpinteiros, etc... Mas esta estrutura de ensino foi destruída após o 25 de Abril, com aquele estigma pseudo revolucionário de que o ensino teria que ser igual para todos, com os resultados que estão à vista. Onde todos querem ser doutores e onde muito poucos têm oportunidade de trabalho seja em que área for. O programa das Novas Oportunidades, apresentado como uma tentativa faz de conta de implementação deste sistema, não passou de uma forma de trabalhar para as estatísticas passando diplomas a todo o custo, não importa com que grau de conhecimentos. O que estamos a falar é de ensino sério e credível, que se constitua como uma alternativa ao sistema atual que abra novas perspetivas de ocupação a muitos jovens e contribua para o desenvolvimento da economia local.

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