Jovens até que idade?!

Os fossos geracionais estão desde sempre associados e por vezes na origem de confrontos de ideias, ambições, sonhos e visões. São vários os sectores onde nos deparamos com diferentes bitolas. É-se jovem agricultor até haver subsídios e terras por lavrar cujas principais colheitas são jipes e veículos de alta cilindrada; É-se jovem para adquirir capacidade jurídica aos 16 anos e aos 14 para alguns crimes é-se imputável; para efeitos de estruturas partidárias aos 30 deixa-se de se pertencer às suas juventudes. Podiam ser multiplicados os exemplos, mas o que me mais me choca são as mentalidades. Assistir às amarras e resistências dos mais experientes e às partilhas de sabedorias e visões: com 30 anos é-se velho para o mercado de trabalho, mas assiste-se a ofertas de emprego onde se exige anos de experiência profissional aliada à flor dos 20 anos de idade. A recorrência com que se assiste defender que para determinadas funções, nomeadamente, de cariz público a pessoa é considerada inexperiente mesmo com 40 anos de idade apesar de ter exercido actividades durante 15 ou 20 anos de serviço em áreas afins e de ter acumulado experiência no sector, faz-me pensar que País é este! Nos países mais desenvolvidos como os Estados Unidos procuram-se os advogados mais jovens e ambiciosos, procuram-se os arquitectos, os engenheiros mais jovens com novas tendências e visões de futuro para projectar as cidades, mas em Portugal continua o pensamento do "velho do restelo" e apregoa-se que o advogado tem que ser velho, o arquitecto tem que ter já muita idade e ter projectado muito e o engenheiro tem que ser muito experiente. Ora, o resultado está a vista: um País pequeno com um pensamento ainda mais pequeno e uma dívida enorme. Para que conste, a idade pode até ser um posto mas por certo que deveria ser antes um farol para quem quer aprender o pudesse seguir. Desenganem-se aqueles que julgam que a idade não passa por todos e lembro ainda que o "Homem" como animal social que é, se esquece facilmente que a idade passa mas que o pensamento pode e deve acompanhar a evolução da sociedade. Bem hajam aqueles que para além de verem nos jovens a esperança, não ficam pelas palavras e os apoiam, porque assim estão por certo a contribuir decisivamente para o desenvolvimento do País. Hugo Oliveira Vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Director do Gabinete de Estudos e Edições do Instituto Fontes Pereira de Melo

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